Labirinto de pensamentos inúteis!

Hoje acordei meio perdido, não sei se por conta do homem que veio medir a luz e que me acordou aos berros no portão de casa, ou se por conta do curso que a vida vem seguindo.

Ontem morreu Steve Jobs, sei que a televisão vai noticiar isso exaustivamente, mas eu vou falar disso só mais um pouco.

Acredito que caras como esses venham intregar-se a humanidade, para nos trazer um presente, algo de muito bom que não seríamos capazes de construir sozinhos. Ele não era santo, longe disso. Viveu na esbórnia e acumulou uma fortuna de mais de 8 bilhões de dólares, graças a Deus né?

Sem Steve Jobs possívelmente eu não estaria escrevendo esse post agora, tudo bem, talvez a internet já existisse assim como o PC já existia antes dele, mas ele, graças a sua ideia de juntar arte com tecnologia, nos trouxe o futuro mais rápido. Ajudou pessoas como Bill Gates a se tornarem o que são hoje e agora com apenas 56 anos, voltou para casa. Talvez nem ele mesmo se dê conta do quanto foi importante para a humanidade moderna, mas o fato é que agora se foi possívelmente dizendo: "Eis o meu legado, tomem conta dele".

Exemplos como o de Steve Jobs, me fazem pensar sobre o motivo pelo qual estou aqui, vivendo. O que tenho feito de bom para a humanidade, ao menos para aquela que me rodeia? Por que ajudar, fazer caridade não é fácil como muitas pessoas pensam. Não é só pagar uma coxinha para um mendigo que se encontra jogado na calçada de alguma esquina. Ajudar o ser humano, nem ao menos está ligado ao dinheiro! Comece você a seguir exemplos de grandes mestres que passaram pela Terra, doando até mesmo a roupa do corpo para ajudar alguém mais necessitado que você. Logo vai correr a notícias de que tem um otário mão aberta circulando por aí e você irá a falência, enquanto fica vendo as pessoas que você julgou estar ajudando, desfilando, lustrosas, sem ao menos olhar para baixo para enxerga-lo. 

Isso me faz lembrar de certa vez, quando comecei a fazer a doação das coisas de minha mãe, que havia morrido há pouco tempo. A maior parte das coisas eu dei para um azilo de idosos, mais ou menos a pedido de minha mãe, mas houve também aquelas coisas que doei para a população em volta, amigos e conhecidos dela que viviam naquele mesmo bairro pobre da zona sul de São Paulo. 

Como. graças a Deus sou uma pessoa sortuda, consegui ouvir o boato que corria na rua, sem que ao menos soubessem que era de mim que estavam falando:

- Tem um homem alí, que está dando um monte de coisas.

Logo a casa de minha mãe enxeu de gente, ninguém estava pensando na minha dor em estar se desfazendo daquilo que um dia foi de minha mãe. Simplesmente começaram a fuçar nas coisas e fazer o maior Auê! Como eu ainda estava fraco por conta do insuportável luto, sentei num sofá e alí fiquei, o pensamento que veio em minha cabeça foi: "Talvez seja melhor assim".

Bem, mas o pior esta por vir, pois a mãe de um rapaz pouco anos mais velho que eu, foi buscá-lo. Sem pedir licença entraram na minha casa e ele baixou os olhos para me pedir:

- Eu e minha esposa estamos precisando de um micro-ondas, você tem para nos dar?

Acontece que eu já tinha doado o microondas para outra pessoa, e ao dizer isso ao rapaz, ele não conseguiu esconder sua cara de insatisfação.

No fim dessa história toda, esse rapaz tentou me assaltar duas vezes, mas como eu era um fodido sem grana, não conseguiu mais doque uns R$ 2,00. 

Como eu disse antes, tentar ser bonzinho da forma errada só nos dá prejuizo. Você acha que ganhei paz de espírito nessa situação? Muito pelo contrário, até hoje sinto vontade de bater com a cabeça na parede, dizendo: Burro, Burro, Burro! Eu poderia ter vendido tudo a um preço justo, um monte de gente teria um monte de coisas legais e por um valor baixo, sem ter que fazer carnê nas Casas Bahia! Acho que aí sim eu estaria ajudando a todos, inclusive a mim mesmo com uma graninha no bolso. Até mesmo ao rapaz que tentou me assaltar, pois talvez ele tivesse conseguido mais de R$ 2,00 naquele fatídico dia.

Bem, por enquanto é isso, agora vou ficar aqui coçando minha bunda magra e filosofando sobre a vida, enquanto a própria vida passa lá fora a passos apressados.

João Fernando

06/10/2011