segunda-feira, outubro 10, 2011

Desabafo de Segunda Feira.

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                   Abraçam-me as horas que passam em minha vida, despedindo-se para nunca mais voltar. Assim se vão os dias, os meses e os anos e assim se vai a própria vida, escapando lentamente pelos dedos, impossível de segurar.
                Dentre as notícias de amigos corajosos entrando em negócios inescrupulosos, de pessoas que conheço há pouco tempo, mas que rapidamente ganharam meu apreço, sofrendo com a maldita doença que conseguiu adentrar a porta do lar e estabelecer-se num corpo, cuja alma tenho certeza que tem muita vontade de continuar. Em meio de festas fracassadas e dores de cabeças desgraçadas que insistem em me desgastar, vindo junto de pedidos de desculpas desnecessários e brigas na madrugada, num debate desgastante sobre amar e não amar.  
                Aqui estou, perdido como um passarinho que caiu do ninho, mesmo não sendo mais um pequeno menininho, mesmo não tendo mais o direito de simplesmente não pensar. Busco desesperadamente uma solução, um alento um caminho, busco forças, mas não sei mais de onde tirar.
                Chove lá fora, o sol está brilhando e poucas nuvens cobrem o céu, mas ainda assim chove lá fora. Andorinhas passam felizes por cima de minha casa, comemorando mais um dia de primavera, os pontos de bolor do muro criados durante o úmido inverno, estão cedendo espaço para a tinta branca que eu nem acreditava que estivesse mais lá, mas para mim ainda chove lá fora.
                Aproveitando a chuva faço o que sei fazer de melhor, ficar aqui dentro para que ela não molhe meu corpo sedentário nem meus cabelos cumpridos e mau tratados. Fico a pensar, filosofar sobre a vida não é uma escolha para mim, talvez um vício, talvez parte dos hábitos de uma criação severa que me tolhia e desestimulava, abraçando-me tal qual um pouvo quando ataca sua presa.

                Certa vez, um grande e velho amigo meu disse, não para mim, mas em alto e bom tom para que eu pudesse ouvir:

                “Vocês vivem com a mania de buscar um sentido para a vida, se a vida tivesse sentido ela perderia totalmente a motivo de ser”.

                Mesmo assim busco um sentido, uma direção a seguir. Não é fácil buscar fazer sempre as coisas que gosta e mesmo assim ter uma vida estável, não é fácil viver no mundo dos pensamentos positivistas, não tem sido fácil viver. Afinal viver é uma arte e quem toca a vida com um sorriso no rosto é um artista.


João Fernando
10/10/2011

1 Response to Desabafo de Segunda Feira.

10 de outubro de 2011 às 15:14

É sr° Noturno, cada dia que passa nos descobrimos algo que nos agrada ou não, mas como disse, a vida é assim...Ateh o prox.

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