terça-feira, fevereiro 14, 2012

Minha busca pela felicidade, a fera está saindo de meu controle!

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As vezes fico pensando que para mim já chega, tudo bem tenho ainda 30 anos de vida e certamente 95% da população mundial falará para mim que ainda sou muito novo, que tenho muito para viver ainda, os outros 5% são aquelas pessoas que preferem não se misturar com gente maluca, então nem sequer se manifestam. Mas sempre que esse pensamento me vem a cabeça e, venhamos e convenhamos, esse é um típico pensamento de pessoas depressivas criadas dentro de uma cultura espiritualista, visto que torna-se bem mais fácil fugir para a morte quando acredita-se que ela é apenas um recomeço, toma-me de assalto um novo pensamento: Não está na hora ainda, afinal falta eu viver uma coisa que ainda não vivi!
Por mais que esses meus trinta anos de existência terrena pesem o dobro em meus ombros, fazendo com que eu me sinta um velho ranzinza, machucado demais pela vida para poder sorrir, falta-me algo muito importante para viver, a felicidade, é esse pensamento que me mantém acordado, se não fosse ele acho que eu iria continuar dormindo.
Como diria Belchior, um analista amigo meu, ao avaliar-me disse-me:

- João, você nunca teve espaço na sua vida para ser feliz!

Essas palavras calaram fundo, pois como qualquer ser humano eu acreditava que mesmo com os revezes da vida, eu havia tido folgas para praticar a felicidade, mas quando olhei para dentro de mim com a ajuda desse meu amigo, quando observei que aquela sensação de aperto no peito sempre me acompanhou, desde tenra idade até hoje, ao ponto de eu me acostumar com ela e não mais perceber o quanto ela é nociva ao meu organismo, percebi que os problemas jamais cederam espaço para a felicidade, que a vida por algum motivo que não sei explicar, sempre cobrou-me preços muito altos.

Quem já leu meu livro, O Diário das Revelações, sabe do que estou falando. Cresci num lar desestruturado, com menos de cinco anos tive que deixar minha mãe para ir junto de minha irmã, morar com meu avô e sua segunda família por um motivo que até hoje me causa dúvidas, depois voltei a morar com minha mãe que naquela altura já estava junto de um homem alcoólatra que foi meu único exemplo de pai. Desde cedo senti o que é ter o coração dividido, pois enquanto estava com minha irmã na casa de meu avô, sentia muita falta de minha mãe, quando fui morar com ela novamente, sentia muita falta de minha irmã que ficara com meu avô. Quando finalmente nos juntamos novamente, fomos morar num porão sujo, entregues a toda sorte, quando saímos daquele porão fomos morar numa periferia da cidade de São Paulo, lá o simples fato de eu ser uma pessoa educada fazia com que as pessoas a minha volta questionassem minha integridade moral, nunca fui “mano” e só “mano” se dava bem por lá. Quando comecei a trabalhar, nunca tive paz suficiente para desempenhar um bom trabalho, para ser um bom profissional, minha casa que deveria ser meu porto seguro era na verdade apenas a fonte mor de minhas preocupações, nunca tive um porto seguro e digo isso pois, de acordo com o que aprendi com esse analista amigo meu, não há como ser um bom profissional e ter um bom desempenho seja em escola ou trabalho, quando não se tem um lugar em paz e seguro para voltar todos os dias.

Quando resolvi me casar, cedo sim hoje concordo com isso, mas mesmo assim o fiz conscientemente, fui cercado por um bando de gente que come ovo e arrota caviar e cometi o erro de aceitar ser ajudado por eles. O preço? Toda sorte de humilhações, acho que nunca paguei tão caro por um prato de comida quanto naquela época. Aceitei ser condicionado a todo tipo de regras e costumes, morei onde achavam que eu tinha que morar, me vestia como achavam que eu tinha que me vestir e busquei ter um comportamento como achavam que eu tinha que me comportar, mesmo agindo de forma falsa e por consequência pouco duradoura. A vida me ensinou a ser assim, uma fera por dentro e um cordeiro por fora, o problema é que ela nunca me mostrou como libertar a fera. Agora, sinto essa fera cavando sua saída por entre minhas vísceras, tramando sua fuga e libertando-se por conta, sem controle e pronta para atacar quem se por em seu caminho. Será que isso é bom? Não sei, só posso dizer que a fuga é inevitável.

Houve um momento em minha vida que acho que cheguei bem próximo da felicidade, eu cuidava apenas de mim e de minha esposa, tínhamos bons empregos e meu contato com tudo e todos aqueles que me faziam mal era mínimo, chegando as vezes ao ponto da inexistência! Como era bom e como foi rápido para piorar tudo de novo, bastou a necessidade de buscar um simples móvel na casa de minha mãe, foi quando eu percebi que ela estava magra demais e com os olhos cheios de pedidos de ajuda, por mais que seu orgulho não a permitisse verbalizar isso. Desse ponto em diante, foram dois anos de mais sofrimentos e aquele menino que crescera sem a presença de um pai, com vinte e seis anos de idade viu sua mãe ter suas forças minadas pelo câncer que se espalhava em seu corpo, ao mesmo tempo em que mesmo sendo o único a cuidar dela de forma incondicional, ouvia barbaridades de seus parentes.

De fato esse velho de palavras tão lamentosas, incorporado no corpo de um moço de apenas 30 anos, precisa aprender ser feliz, pois há felicidade nesse mundo, é nisso que acredito e é ela que eu quero encontrar, é dela que eu preciso para voltar a ter apenas 30 anos de idade.

Que a fera que está dentro de mim se liberte e que ela ame quem quer amar e que ela destrua quem deseja destruir. Eu nunca soube controlá-la apenas prendê-la e agora que ela se liberta das correntes de minha hipocrisia, que ela seja eu e que esse meu atual eu seja destruído por ela. 

A única coisa que desejo nesse mundo é ser feliz!

João Fernando.
14/02/2012

domingo, fevereiro 05, 2012

Relacionamentos e a fascinante arte de apreciar a dor!

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Hoje venho falar diretamente aos corações lacerados pelas dores da paixão, para aquelas pessoas que de tão confusas e perdidas pelas veredas emocionais de um relacionamento, já enxergam esse nosso astro rei menos brilhante.
Você já se olhou no espelho hoje? Se já, deparou-se com a imagem simples e imperfeita de um ser humano, o espelho é uma ferramenta muito importante para que tenhamos a noção de como as pessoas nos enxergam, visto que os primeiros contatos são comumente visuais, ninguém jamais poderá te conhecer de fato apenas avaliando esse aglomerado de pele, órgãos, músculos, terminações nervosas e ossos que compõe a sua imagem, ninguém jamais poderá apreciar suas qualidades apenas por enxergá-lo, até que o contato torne-se mais pessoal, você será apenas uma imagem no espelho para qualquer outra pessoa que não lhe conhece verdadeiramente, isso acontecerá da mesma forma com você em relação a outra pessoa. Digo isso, pois, conhecer alguém apenas pela imagem, gera um furor em nosso sistema criativo e logo que possível, principalmente se aquela imagem agrada, começamos a criar em nossa mente todo o perfil daquela outra pessoa, como ele ou ela é, quais são suas maiores qualidades e defeitos e assim criamos em nossa mente o ser humano perfeito, para nós é claro, pois tenha certeza de que se você achar alguém exatamente do jeito que você imagina e deseja, essa pessoa será uma sofredora, atendendo apenas as necessidades de outra pessoa e esquecendo-se totalmente de quem é, esquecendo-se plenamente que também se trata de um ser individual. Sim, pois quando idealizamos a pessoa perfeita para nós, ela sempre será aquela que: Nos compreenderá a todo momento, perdoará qualquer erro que por ventura venhamos a cometer, nos enxergará como a um deus(a), jamais questionará nossos desígnios e acatará prontamente qualquer de nossos desejos.

Pois é, não se esquive e não me chame de louco ou radical demais,  todos somos assim, todos nós buscamos uma pessoa tão dedicada a nós que se esqueça de si mesma e todos nós quebramos a nossa linda e mimada cara, pois jamais haverá alguém assim no mundo. Isso nos leva a primeira e talvez mais importante causa de sofrimento, o desejo!
Desejamos muito, sempre e a todo momento, isso por que somos pessoas mimadas, se não pelos pais, por nós mesmos. Queremos sempre que as coisas sejam da forma como imaginamos e quanto mais forças damos a esse impulso criativo/destrutivo, mais sofremos, pois nenhuma situação em nossa vida será do jeito que idealizamos.

  •      Você está sofrendo, por que ele ou ela não te quer?

Seja bem vindo a realidade! Por mais bonito(a) que você seja, por mais que você tenha um papo bacaninha, por mais que você seja uma pessoa estável, por mais que você seja uma fera indomável na cama, etc... Sempre haverá multidões de pessoas que não vão querer você, e adivinha! O problema NÃO está com você, o problema NÃO está com a outra pessoa, a verdade é que não existe um problema, somente seu desejo vê dessa forma. Nesses casos a primeira pergunta que nos vem a mente é: Mas por que essa pessoa não me quer, seu eu o(a) quero tanto? – A resposta é simples: - POR QUE ELA NÃO QUER e pronto!
Normalmente nesses casos o alvo de nossos devaneios é uma pessoa completamente desconhecida, por mais que você esteja há anos sofrendo por conta desse amor não retribuído e tenha tentado se aproximar dessa pessoa, dificilmente você a conhece de fato, você continua com a imagem do espelho. Então por que te importa tanto os motivos que levam essa pessoa a não te querer, por que você acha que é tão especial ao ponto das pessoas deverem explicações para você?
Quer saber um segredo? Há lá fora outra multidão, essa formada por pessoas que fariam qualquer coisa para estar do seu lado, mas você, com seus motivos, jamais dará uma chance sequer para essas pessoas, estou mentindo? Então queridões, por que vocês acham que tem o direito de selecionar quem pode estar ao seu lado e não concede o mesmo direito às outras pessoas?

  •      Estou sofrendo por causa de uma separação!

Primeiro ponto, por que você se juntou a essa pessoa? Sim, isso é muito importante, pois independente de quem terminou com quem, você tem culpa na separação assim como é culpado de ter se juntado a essa pessoa!
Um dos motivos pode ter sido paixão. Gosto muito da paixão, pois ela é nada menos do que nosso tesão, um impulso animal descontrolado que nos faz soltar fumaça pelo nariz. Tudo, absolutamente tudo na paixão se resolve na cama, as vezes o furor é tão intenso que mal conhecemos aquela pessoa, afinal a cada três palavras que trocamos já estamos subindo pelas paredes, loucos de vontade de saciar nossos desejos. Adoro paixão, mas paixão é passageira, é apenas uma emoção transicional que poderá culminar algo mais complexo como o amor, ou desaparecer do mesmo modo que chegou. Se foi tesão que uniu vocês, ele chegou ao fim, conforme-se, foi bom enquanto durou e você possivelmente lembrará desses momentos pelo resto de sua vida, não torne essa lembrança uma tortura, lembre-se das coisas boas!

- Ah, mas não foi só paixão, tínhamos alguma coisa especial.

O que era especial? Por que sinceramente, ele ou ela não mudou tanto assim para que essa coisa tão especial tenha se perdido. É comum nos começos de relacionamento, as pessoas observarem quais são as qualidades que seu parceiro ou parceira mais aprecia em outra pessoa e depois tentar ser daquela forma. Isso é muito bonitinho, faz as coisas fluírem bem por um tempo, mas muito pouco funcional afinal não conseguimos ser quem não somos por muito tempo.

- Ah, mas ele(a) mudou muito depois de um tempo.

É verdade, mudou mesmo, pois se sentiu mais a vontade de ser quem ele(a) realmente é,  se você não é capaz de perceber que jamais vai conseguir ter ao seu lado uma pessoa perfeita, que é exatamente da forma como você sonhou, o melhor foi a separação mesmo, se você não é capaz de aceitar uma pessoa do jeito que ela é, do mesmo modo foi melhor a separação. Não aceitar uma pessoa como ela é e mesmo assim viver do lado dela é muita tortura, a pessoa vai sentir-se cada vez mais inadequada a você e ao mundo, você ficará sempre apontando-lhe defeitos que na verdade não são defeitos, são apenas diferenças. Você também se sentirá mal e passará a acreditar que jamais existirá alguém no mundo para te compreender.

- Acontece que depois de um tempo, descobri coisas do passado dele(a) que me fizeram muito mal.

Todos nós temos um passado e não venha me dizer que o seu é ilibado, por que não vou acreditar! Quem é você para julgar uma pessoa, quem lhe deu o direito de estabelecer os limites entre o certo e o errado? Seu passado também possui manchas e por mais que você tenha uma boa explicação, elas não passaram de justificativas cretinas tentando encobrir algo tão normal como o erro.  Errar não significa ser uma má pessoa, significa apenas pouca maturidade, o erro só pode ser evitado a partir da experiência e a experiência por sua vez só pode ser conquistada através do erro.
Se você terminou com seu par, por não aceitar o passado dele(a), azar o seu! Possivelmente você estará perdendo uma grande chance de conhecer inteiramente uma pessoa incrível, cheia de experiências maravilhosas para compartilhar, disposta a ensinar e apta a aprender.
Se alguém terminou com você por conta de seu passado, erga a cabeça o mais rápido possível, afinal seu passado não deve mais importar nem mesmo para você, se você ficar sofrendo por isso, será tão medíocre quanto a pessoa que rompeu contigo, seu sofrimento só dará à outra pessoa, a falsa impressão de que ela está certa e você errado(a).

Meus queridos, sei que minhas palavras podem ter parecido duras demais, sei também que algumas pessoas poderão questionar-me quanto a veracidade delas, minha experiência no assunto ou seja lá o que for. Não é fácil quando é colocado a nossa frente o que realmente somos, seres imperfeitos e melindrosos, tão delicados que qualquer movimento brusco pode nos machucar.

Relacionar-se, amar, se apaixonar é uma arte arriscada e certamente machucará, pois nenhum de nós ainda é capacitado a sentir um amor tão incondicional ao ponto de não nos ferir. Meu conselho é: Saia da sua toca, abandone sua ilha ou caverna e entregue-se aos seus desejos mais profundos, você já tem a certeza de que vai machucar, então que machuque, mas que a cura da dor seja o prazer absoluto. Abra-se, seja impulsivo quando tiver vontade de ser, pareça um adolescente apaixonado mesmo... Não se deixe impressionar pelo mundo, o mundo aí fora nada mais é do que o reflexo de sua própria criação, ele só toma a forma que você desejou. Não transforme a vida em uma equação, não racionalize aquilo que jamais será racionalizado. Dê-se o direito de ser feliz, deixe esse seu lado velho e rancoroso falando sozinho e se entregue para aquilo que você está com vontade de se entregar. AME, APAIXONE-SE, GRITE, CHORE, TENHA SEMPRE O MAIS INCRÍVEL DOS ORGASMOS! Arrependa-se também e seja livre para entregar-se ao desejo mesmo sabendo que esse desejo lhe causará arrependimentos, pois se você sente vontade de fazer isso, certamente é por que isso vai lhe dar prazer.

Seja você mesmo, não tente impressionar outra pessoa sendo diferente daquilo que você é, seja sempre espontâneo(a). Não coloque sua felicidade nas mãos de ninguém, não tente colocar as pessoas dentro das regrinhas que sua cabeça, por conta de sua criação e cultura, acredita ser o certo, não há certo ou errado, não coloque as pessoas acima ou abaixo de você, somos todos iguais com histórias diferentes.

Viva!

João Fernando
05/02/2012